A resposta de stress à cirurgia é afetada pelo estado nutricional do paciente. O organismo necessita de estar num estado anabólico para compensar a resposta catabólico gerada pela cirurgia.
Quando a desnutrição está presente, a resposta de stress é prolongada e vários sistemas do organismo são afetados, o que conduz a um maior número de complicações, a um aumento do tempo de internamento hospitalar e a um aumento na taxa de mortalidade. A qualidade de vida dos pacientes cirúrgicos com desnutrição vê-se impactada. Um estado nutricional adequado no paciente cirúrgico, melhora o prognóstico.
A cirurgia provoca uma resposta neuroendócrina face ao stress. Esta resposta envolve diferentes vias como a inflamatória e metabólica, e tem por objetivo defender o organismo e providenciar os substratos metabólicos adequados para dar resposta ao stress da cirurgia.
Esta resposta pode alterar-se com o estado de desnutrição ou com um jejum prolongado. Durante a resposta catabólica ao stress cirúrgico, o organismo necessita de estar em fase anabólica para compensar a resposta catabólica gerada pela cirurgia, para assim não prolongar a resposta.
Perante um jejum prolongado ou desnutrição instalada, a composição corporal está alterada, havendo uma diminuição na resposta imunológica e da capacidade funcional, bem como alterações ao nível de vários sistemas do organismo, juntamente com um processo de cicatrização de feridas mais retardado.
Na presença de desnutrição, o paciente apresenta um pior prognóstico, com uma maior taxa de mortalidade, com maior possibilidade de complicações infeciosas e cardiorrespiratórias, prolongamento do tempo de internamento hospitalar e uma maior mortalidade1.
Do mesmo modo, a desnutrição também afeta negativamente a qualidade de vida dos pacientes cirúrgicos no pré e pós-operatório1,2.
Em pacientes desnutridos com cirurgia eletiva uma melhoria do estado nutricional em fase peri-operatória está relacionada com uma diminuição do número de complicações durante a intervenção, uma menor mortalidade intra-hospitalar e uma melhoria na qualidade de vida antes da intervenção. Evitar um jejum prolongado antes da intervenção também foi relavionado com um melhor prognóstico em pacientes cirúrgicos, tanto nos indivíduos desnutridos como normoponderais3.
1.Guía de actuación: Soporte Nutricional en el Paciente Quirúrgico. Asociación Española de Cirujanos. Sociedad Española de Nutrición Parenteral y Enteral. Nestlé. Barcelona;2009.
2. Chambrier C, Sztark F; Société Francophone de nutritionclinique et métabolisme (SFNEP); Société françaised’anesthésie et réanimation (SFAR). French clinical guidelines on perioperative nutrition. Update of the 1994 consensus conference on perioperative artificial nutrition for elective surgery in adults. J ViscSurg. 2012;149(5):e325-36.
3.Weimann A, Braga M, Harsanyi L, Laviano A, Ljungqvist O, Soeters P, et al. ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition: Surgery including organ transplantation. ClinNutr. 2006;25(2):224-44.
Bibliografia complementar:
1- MSSSI. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad. Registro de altas de los Hospitales del Sistema Nacional de Salud. CMBD. Año 2013. Acceso en: Diciembre 2015. Disponible en: http://www.mspsi.es/estadEstudios/estadisticas/cmbdhome.htm.
2- Álvarez-Hernández J, Planas Vila M, León-Sanz M, García de Lorenzo A, Celaya-Pérez S, García-Lorda P, et al. Prevalence and costs of malnutrition in hospitalized patients; the PREDyCES Study. Nutr Hosp. 2012;27(4):1049-59.
3- Planas M, Álvarez-Hernández J, León-Sanz M, Celaya-Pérez S, Araujo K, García de Lorenzo A, et al. Prevalence of hospital malnutrition in cancer patients:a sub-analysis of the PREDyCES. Support Care Cancer. 2015. [Epub ahead of print]
4- Sorensen J, Kondrup J, Prokopowicz J, Schiesser M, Kraehenbuehl L, Meier R, et al EuroOOPS: An international, multicentre study to implement nutritional risk screening and evaluate clinical outcome Clin Nutr. 2008;27:340-9